A Diocese de Caxias do Sul acolhe a 36ª Romaria da Terra
Dom
Alessandro Ruffinoni - Bispo Diocesano
Pe.
Izidoro Bigolin - Pároco de Santo Antônio - Bento
Gonçalves e Vigário Geral da Diocese
A Diocese de Caxias do Sul acolhe,
em Bento Gonçalves, a 36ª Romaria daTerra. Este evento é compromisso de todas
as dioceses do Rio Grande do Sul, compromisso permanente da CNBB Sul 3 e será
realizado no dia 12 de fevereiro de 2013, na comunidade de Bom Pastor - no
parque municipal da ABCTG – Associação Bento Gonçalvense dos Centros de
Tradições Gaúchas.
A história da região Nordeste do
Estado está intimamente ligada à história da colonização feita por imigrantes, vindos
da Europa, destacando-se os de origem italiana, alemã e polonesa. Estes fizeram
a “grande romaria” ou “peregrinação” na busca de mais vida e dignidade. Aqui
chegaram alimentados pela esperança de ter terra, trabalho e condições dignas
para um bem viver. Carregaram na bagagem os valores recebidos da pátria-mãe: a
fé, expressões da religiosidade popular de modo especial manifestadas na
devoção à Nossa Senhora e aos santos e, ainda, os valores indispensáveis da
família e da comunidade-Igreja.
A porta de entrada para a região
de Bento Gonçalves foi o “casarão”, denominado de “barracão”. Hoje, este nome denomina
o bairro Barracão. Os imigrantes ali chegavam e permaneciam reunidos até
receberem suas terras – pequenas propriedades – ao longo das famosas e ainda
existentes “linhas” ou “travessões” rurais. O desafio era construir um lugar
para morar, plantar e colher; primeiro para sobreviver e depois, através da
comercialização, ter melhores condições de vida. Aos poucos foram surgindo
pequenos núcleos com nomes próprios para a identificação. O primeiro nome para
a região foi “Cruzinha” e, aos poucos, foram construindo pequenas igrejas,
cemitérios, salões comunitários. A este conjunto foi dado o nome de Capelas,
verdadeiros centros de oração, lazer e solidariedade.
A forma como foi feita a
colonização em pequenas propriedades rurais foi uma verdadeira reforma agrária.
O trabalho familiar nas pequenas propriedades gerou desenvolvimento humano, social
e econômico. A prova está no número de
cidades que existem em toda a região Nordeste do Estado.
Ao longo dos anos, percebeu-se que
era preciso garantir uma melhor organização e ter instrumentos próprios na luta
pelos direitos. Há mais de 80 anos surgiram cooperativas e há mais de 50 anos
Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STRs), com a iniciativa e apoio da Igreja.
Hoje, a realidade dos agricultores
exige um desenvolvimento sustentável que apresenta como desafios: a
participação cidadã da família agricultora, a garantia da segurança alimentar e
nutricional, a valorização da agricultura familiar, o controle e informações
dos avanços tecnológicos, a permanência do jovem na roça e resgate da auto estima
da família agricultora. Cumpre destacar que os migrantes estão nas cidades e
também nas áreas rurais. O fenômeno da migração traz uma nova configuração à
pequena propriedade, à família e à própria comunidade.
É a partir desta história,
caminhada e desafios que a Diocese de Caxias do Sul acolhe, em Bento Gonçalves,
a 36ª Romaria da Terra. O tema da Romaria é: “Terra, Vida e Cidadania” e
o lema: “Terra e Cidadania: princípios do bem viver”.
Bem vindos à 36ª Romaria da Terra.
A Diocese de Caxias do Sul, juntamente com a CPT-RS, acolhem a todos, com
alegria e ternura, em comunhão com a Igreja do Rio Grande do Sul.